quinta-feira, maio 04, 2006

Codex 632 - José Rodrigues dos Santos

Terminei esta noite de ler o segundo livro de José Rodrigues dos Santos, Codex 632.

Como não tinha lido A Filha do Capitão (o primeiro livro do jornalista/escritor), não sabia ao certo o que esperar da escrita deste, da forma como a narrativa se desenvolve.

O livro começa com a morte de um historiador, o professor Toscano num hotel do Rio de Janeiro e a narrativa desenvolve-se através da vida de um professor de criptografia que fica encarregue de reconstituir toda a investigação que o professor Toscano havia feito para a American History Society para a celebração dos 500 anos da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral.

E é a vida do professor Tomás Noronha que centrará muita da tenção do romance. O seu casamento, a separação e reencontro com Constança, a situação da filha com trissomia 21 Margarida, o seu caso escaldante com a aluna sueca, a sua luta pela objectividade, as suas sessões de esclarecimento com o contacto da fundação americana, Nelson Moriarti.

As descobertas de Tomás levam a seguir a rota da origem de Cristóvão Colombo, caminho que o professor Noronha havia seguido no decorrer da sua investigação inicial. As descobertas em catadupa deitam por terra a tese do Colombo genovês e criam o Colombo português, judeu, conspirador contra o Príncipe Perfeito, D. João II e joguete nas mãos deste para afastar os Reis Católicos da verdadeira Índia.

Para mim é um excelente livro de investigação, um diário de um historiador com inúmeros detalhes históricos e geográficos. É fenomenal a forma como nos vemos transportados no presente a Nova Iorque, Rio de Janeiro, Sevilha, Génova, Jerusalem, Lisboa, Sintra. É fenomenal a forma simples como nos são apresentados os factos históricos, como tudo fica encadeado e nos faz sentido, apresentando Nelson Moriarti como “advogado do diabo” e coloca todas as perguntas que nós colocaríamos.

Para mim, e apesar da ficção intrínseca ao romance já vejo Colombo português, alentejano, judeu. E senti-me em todos os locais apresentados, senti-me a fazer toda aquela investigação, senti-me a decifrar os diversos códigos, senti a excitação da aluna sueca, senti a dôr da luta da filha de Tomás pela vida, senti a dôr da separação e a alegria do reencontro. Se senti tudo isto é porque o livro vale bem a pena ler.